sexta-feira, 16 de maio de 2014

Por que irmãos brigam tanto?

    

Atire a primeira pecinha de Lego a mãe que nunca se descabelou tentando exercer o papel de juíza e apaziguar as brigas entre os filhos. Haja razão e equilíbrio para tentar chegar em um consenso entre quem começou, quem jura que não revidou e quem está convicto de que não fez nada. E qualquer que seja a decisão final, sempre tem uma reclamação dirigida à meritíssima, vulgo mãe, que inclui a palavra "injustiça".
Os desentendimentos parecem ser o passatempo preferido das minhas filhas. Especialmente durante as férias, filas de restaurantes e viagens de carro. Eu tenho certeza que em algum lugar no dicionário fraternal está escrito que briga é sinônimo de diversão.
Está entediada? Dá um peteleco na irmã que passa o tédio.
Está em busca de um agito?  Chega perto da televisão e muda o canal. É certeza que vai ter que sair correndo.
Está precisando dar umas risadas? Fala que está sentindo um cheiro ruim e acha que foi seu irmão que soltou pum.
Foi só quando li um artigo publicado há um tempo na revista TIME (é longo e está em inglês, mas a leitura vale a pena!) que a dinâmica das brigas entre irmãos começou a fazer algum sentido nesta cabeça de mãe que procura a razão de tudo.
Segundo o texto, alguns cientistas começaram a desenvolver pesquisas para tentar entender quais são os fatores que realmente moldam o caráter de uma pessoa. Claro que o pai e, principalmente, a mãe são importantíssimos, mas tiveram descobertas incríveis quando passaram a contar com outras variáveis.
"Por volta dos 11 anos, as crianças dedicam 33% do seu tempo para seus irmãos - mais tempo do que eles passam com amigos, pais, professores ou até mesmo sozinhos" (esta foi uma das conclusões de um experimento conduzido pela Universidade de Penn State).
O artigo também cita o psicólogo Daniel Shaw, da Universiade de Pittsburgh, que usa uma metáfora interessante: "Em geral, os pais têm o mesmo papel dos médicos nas visitas de rotina, eles cuidam do quadro geral. Os irmãos são como as enfermeiras na enfermaria. Eles estão lá todos os dias. Toda essa proximidade cria bastante intimidade - e bastante desgaste".
E os números apresentados por Laura Kramer, professora de estudos aplicados da família na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, são bastante esclarecedores. Ela descobriu que, em média, irmãos entre 3 a 7 anos brigam cerca de 3,5 vezes por hora. Porém, um estudo canadense mostrou que as crianças de 2 a 4 anos superam os mais velhos. São cerca de 6,3 conflitos por hora! "Conviver com uma irmã ou irmão pode ser  uma experiência frustrante", afirmou a pesquisadora.
A conclusão é que os irmãos se desentendem porque estão próximos, porque disputam as mesmas coisas (atenção, brinquedos, espaço) e porque encontram no parceiro próximo aquela liberdade de extravasar os limites.
Para as crianças, as brigas fraternas fazem parte do desenvolvimento e supostamente auxiliam no crescimento e na aquisição da maturidade. Já para as mães, que têm de administrar as 6,3 brigas por hora, eu acho que deve ser algum treinamento secreto para moderadora de conflitos na ONU. Só pode ser isso...

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