quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dia 66 – As perdas nossas de cada dia…

Uma coisa é certa: o Facebook escancarou as perdas de todo mundo. Seja de mãe, pai, avós, filhos, animais de estimação : ( Conversando com a psicóloga Teresa Vera Gouvêa, que tem o site Laços e Lutos, aprendi umas coisas. Uma delas é  não ficar falando, para quem perde alguém amado, aquelas pragas de frases: “Força! Vai passar! Tá melhor que aqui!''. Segundo Teresa, o que mais faz sentido é o longo abraço em silêncio. E não tô falando daquele abraço de 3 segundos com uns tapinhas nas costas. Para ela, o “Eu estou aqui'' deve ser dito, mesmo que à distância.
Sim, não tem como traduzir a dor do outro, não tem como impor nada à pessoa, não tem certo nem errado em relação ao tempo que dura o luto, mas podemos falar com nosso corpo e alma. Teresa diz que cada um é cada um e que a forma como se lida com perdas menores, também se lidará com as maiores. Para ela, a dor toma todo o coração, mas com o tempo, aos poucos, vai abrindo espaço, mudando de tamanho. Quando a gente perde alguém “é a dor'', dia após dia muda para''tem a dor''. Tudo ao seu tempo…
“Fico pensando na vida, nas suas nuances, nas suas estações, nos seus sons… fico pensando como é difícil interromper um olhar, um gesto ou um sorriso para um lugar que gostamos… fico pensando que, às vezes, a vida permite estender a mão e dizer adeus, ou até logo, mas noutras vezes não há tempo para despedidas, fico pensando nessa transitoriedade, tão certa, mas nem por isso menos dolorosa… fico pensando em nossas memórias e nos lugares que percorremos procurando qualquer pertence que nos traga o andar, uma fala, um gesto, porque é aí que passa a residir o que temos… '' (Teresa Gouvêa)
Artista desconhecido
Artista desconhecido
Finalizo com um belo trecho de Rubem Alves: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer''. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A “reverência pela vida'' exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a “morienterapia'', o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a “Pietà'' de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo'' - 
http://www.guiageo-europa.com/vaticano/pieta.htm
http://www.guiageo-europa.com/vaticano/pieta.htm
Para o alto e avante!

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